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Você sabe quem é Enedina Alves Marques?

28/10/2024

Conheça a história de Enedina Alves Marques, figura importante para a Engenharia Civil do Brasil.
 

Enedina nasceu na capital paranaense em 1913. Era filha de Paulo Marques e Virgília Alves Marques, que chegaram a Curitiba nos anos 1910. Na década de 1920, Dona Duca, como era chamada a mãe de Enedina, foi trabalhar para a família do delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, como lavadeira. Domingos, que tinha uma filha de mesma idade, Isabel, que pagou a educação de Enedina em colégios particulares, para que ela fizesse companhia a sua filha e então, entre 1925 e 1926, Enedina foi alfabetizada em uma escola particular, dirigida pela professora Luiza Dorfmund.

No ano seguinte Enedina, ingressou na escola normal, onde permaneceu até 1931 e entre 1932 e 1935, formou-se no curso normal e junto com Isabel, Enedina passa a trabalhar como professora no interior do estado e atuou em cidades como Rio NegroSão Mateus do SulCerro Azul e Campo Largo.

Entre 1935 e 1937, Enedina voltou para cursar o Madureza no Novo Ateneu, curso intermediário que, na época, era exigido para o magistério.  No mesmo período, Enedina morou com a família do construtor Mathias e com sua esposa Iracema Caron, no bairro do Juvevê. Durante este período deu aulas no próprio bairro, na Escola de Linha de Tiro. O amigo Jota Caron, parente do casal, foi quem garantiu a permanência da professora na residência. Depois dos Nascimento, os Caron se tornam os novos benfeitores de Enedina e mesmo sem ser formalmente empregada da casa, pagava os préstimos com serviços domésticos. Quando ainda em meados de 1935, alugou uma casa na frente do Colégio Nossa Senhora Menina, no Juvevê, e montou classes seriadas de alfabetização.


Em 1938, faz curso complementar em pré-Engenharia no Ginásio Paranaense, no período noturno, enquanto ainda morava na casa dos Caron e em 1940, Enedina ingressou na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná, graduando-se em Engenharia Civil em 1945, tornando-se a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira engenheira negra do Brasil. Antes dela, dois negros se formaram em Engenharia na instituição: Otávio Alencar (1918) e Nelson José da Rocha (1938).

Exonerada da Escola da Linha de Tiro em 1946, Enedina se tornou auxiliar de engenharia na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas. Enedina foi chefe de hidráulica, chefe da divisão de estatísticas e do serviço de engenharia do Paraná, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado.[7] No ano seguinte, o governador Moisés Lupion, concede transferência para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica. Enedina trabalhou no Plano Hidrelétrico do estado e atuou no aproveitamento das águas dos rios CapivariCachoeira e Iguaçu. Para muitos, a Usina Capivari-Cachoeira foi seu maior feito como engenheira. Apesar de vaidosa, Enedina usava macacão nas obras da usina e levava uma arma na cintura, disparando tiros para o alto para se fazer respeitar entre os homens da construção. Dentre outras de suas obras, destacam-se o Colégio Estadual do Paraná e a Casa do Estudante Universitário de Curitiba.

O major Domingos Nascimento Sobrinho morreu em 1958, deixando Enedina como uma de suas beneficiárias em seu testamento. Foi entrevistada pelo sociólogo Octávio Ianni em 1961, para a pesquisa "Metamorfoses do escravo", financiada pela Unesco. Em 1962, aposenta-se no governo do estado e recebeu o reconhecimento do governador Ney Braga, que por decreto, admitiu os feitos da engenheira e lhe garantiu proventos equivalentes ao salário de um juiz.

Enedina morreu em agosto de 1981, aos 68 anos. Ela foi encontrada morta em seu apartamento na Rua Ermelino de Leão, no Centro de Curitiba, vítima de um infarto. A casa da família, de madeira, com varandas e lambrequins, foi desmontada e transferida para o Juvevê e, hoje, abriga a sede regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Enedina_Alves_Marques

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